São pais, padrastos, avós, tios, professores, militares de todas as patentes e religiosos de todos os credos, marginalizados e da alta sociedade, com distúrbios psicológicos ou simplesmente falta de caráter. Fracassou a tentativa (ou a tentação) de se criarem caricaturas do pedófilo. Não dá para definir quais as categorias sociais mais suspeitas. Não há, por assim dizer, "grupos de risco". A pedofilia é um problema que o Brasil está tirando de trás das cortinas obscuras das relações familiares, onde o Estado não entrava porque não se achava no direito. Agora, há até CPI e campanha nacional com o objetivo de desmascarar a pedofilia, a das redes virtuais de pornografia infantil e a do dia-a-dia, aquela que até então era engolida amargamente, com vergonha e medo, por tantas vítimas e responsáveis que não sabiam a quem apelar.
Outro dia, o senador Magno Malta falou sobre isso numa entrevista a um pastor evangélico na TV. O pastor parecia não estar entendendo o foco do problema, pois insistia na antiga tendência de se apontar muito facilmente um culpado que pudesse ser identificado e rechaçado. Ele ironizou: "A pedofilia hoje celebra missa, não é, senador?". O também evangélico senador da República, exercendo coerentemente seu papel de zelar pela imparcialidade, confirmou a referência aos padres pedófilos, mas não deixou de lembrar que a pedofilia também prega em cultos evangélicos. O pastor se calou, vencido por sua ignorância objetiva e seu fanatismo pré-científico.
Há que se tomar a pedofilia como um sintoma de uma cultura sexual desumana e não como uma causa de perversões individuais. Claro, sempre houve pedófilos e nem sempre isso foi considerado crime. Mas o crescimento do número de casos em relação ao populacional tem sido geométrico. Logo, não adianta banir os estrondos na ponta da linha se não forem trabalhados os fatores que os produzem. Estão em jogo muito mais do que um correto desenvolvimento afetivo-sexual e uma conduta moral sadia.
Estamos erotizando nossas crianças com o pretexto de que a melhor educação sexual é a liberdade para experiências no mundo. Com um arsenal de sensualismo midiático e uma produção em série de terapeutas para todas as esquinas, estamos liberando os sujeitos de suas repressões – o que é bastante necessário e proveitoso – mas não estamos colocando nada de são no vazio que elas deixam. É a velha falácia: vamos quebrar os tabus, pois eles nos aprisionam; vamos trocar essa ultrapassada prisão pelas modernas masmorras das nossas neuroses e bizarrices.
Sobre isso, uma canção de Gilberto Gil e Jorge Mautner observa: "Os pais/ estão preocupados demais/ com medo que seus filhos caiam nas mãos dos narco-marginais/ ou então na mão dos molestadores sexuais./ E, no entanto ao mesmo tempo são a favor das liberdades atuais./ Por isso não podem fugir do problema:/ maior liberdade ou maior repressão,/ dilema central dessa tal de civilização".
Outro dia, o senador Magno Malta falou sobre isso numa entrevista a um pastor evangélico na TV. O pastor parecia não estar entendendo o foco do problema, pois insistia na antiga tendência de se apontar muito facilmente um culpado que pudesse ser identificado e rechaçado. Ele ironizou: "A pedofilia hoje celebra missa, não é, senador?". O também evangélico senador da República, exercendo coerentemente seu papel de zelar pela imparcialidade, confirmou a referência aos padres pedófilos, mas não deixou de lembrar que a pedofilia também prega em cultos evangélicos. O pastor se calou, vencido por sua ignorância objetiva e seu fanatismo pré-científico.
Há que se tomar a pedofilia como um sintoma de uma cultura sexual desumana e não como uma causa de perversões individuais. Claro, sempre houve pedófilos e nem sempre isso foi considerado crime. Mas o crescimento do número de casos em relação ao populacional tem sido geométrico. Logo, não adianta banir os estrondos na ponta da linha se não forem trabalhados os fatores que os produzem. Estão em jogo muito mais do que um correto desenvolvimento afetivo-sexual e uma conduta moral sadia.
Estamos erotizando nossas crianças com o pretexto de que a melhor educação sexual é a liberdade para experiências no mundo. Com um arsenal de sensualismo midiático e uma produção em série de terapeutas para todas as esquinas, estamos liberando os sujeitos de suas repressões – o que é bastante necessário e proveitoso – mas não estamos colocando nada de são no vazio que elas deixam. É a velha falácia: vamos quebrar os tabus, pois eles nos aprisionam; vamos trocar essa ultrapassada prisão pelas modernas masmorras das nossas neuroses e bizarrices.
Sobre isso, uma canção de Gilberto Gil e Jorge Mautner observa: "Os pais/ estão preocupados demais/ com medo que seus filhos caiam nas mãos dos narco-marginais/ ou então na mão dos molestadores sexuais./ E, no entanto ao mesmo tempo são a favor das liberdades atuais./ Por isso não podem fugir do problema:/ maior liberdade ou maior repressão,/ dilema central dessa tal de civilização".
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